Iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde e do Instituto Evandro Chagas teve o objetivo de aprimorar a rotina dos profissionais e fortalecer ações de vigilância do vírus nas Américas.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Instituto Evandro Chagas (IEC), instituição de ciência e tecnologia ligada à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, realizaram em setembro e outubro de 2024 o workshop “Detecção sorológica e molecular da infecção pelo Vírus Oropouche (OROV)”.
A iniciativa surgiu a partir da necessidade de fortalecimento das ações de vigilância do vírus no âmbito das Américas e aconteceu na Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SEARB), que é Laboratório de Referência Nacional e Centro Colaborador da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para arboviroses emergentes e reemergentes e outras zoonoses virais.
Aprimoramento profissional e benefícios para a saúde pública
Segundo a OPAS e o IEC, o diagnóstico laboratorial da infecção pelo OROV é essencial para a confirmação dos casos e qualificação dos dados de vigilância. A expectativa é que, a partir do workshop, os profissionais apliquem o conhecimento adquirido em relação ao diagnóstico de OROV na rotina de diagnóstico, tanto molecular quanto sorológico, para fortalecer o sistema de vigilância. Dessa forma, será possível melhorar a detecção oportuna de surtos, monitorar casos e orientar a tomada de decisão baseada em evidências.
Controllab e sua contribuição para o workshop
Atenta às necessidades do setor diagnóstico e reconhecida por iniciativas pioneiras que asseguram confiabilidade às rotinas analíticas, a Controllab, primeira empresa a disponibilizar o Ensaio de Proficiência para Biologia Molecular do Vírus Oropouche, enviou amostras do material de controle para a capacitação dos profissionais.
Especialistas destacaram a importância da colaboração da Controllab, uma referência internacional em soluções para o controle de qualidade laboratorial:
– Atualmente, a disponibilidade de testes sorológicos para detecção da infecção pelo OROV é limitada. A maioria dos países da região que contam com diagnóstico de OROV baseiam-se na detecção do material genético viral, por meio da RT-qPCR. Neste cenário, faz-se necessário garantir a qualidade e a confiabilidade dos resultados obtidos nos diversos laboratórios de saúde pública da região. A variedade de amostras e a complexidade dos painéis propostos por esses ensaios permitem avaliar a capacidade dos laboratórios em detectar o vírus em diferentes condições, simulando cenários reais de diagnóstico.
Como o Ensaio de Proficiência contribui para a confiabilidade diagnóstica?
As rotinas laboratoriais requerem monitoramento contínuo e avaliação periódica, pois desempenham um papel fundamental nos processos de detecção, avaliação, resposta, notificação e monitoramento de eventos de saúde pública.
O Ensaio de Proficiência (EP), também conhecido como Controle Externo da Qualidade, é uma ferramenta eficaz para determinar o desempenho analítico do laboratório, auxiliando na padronização de novos testes diagnósticos para a doença. Além disso, é um requisito necessário para os processos de acreditação laboratorial (ISO 15189, ISO 17025, PALC-SBPC/ML, DICQ-SBAC etc) e órgãos regulamentadores.
A OPAS e o IEC ressaltaram que a realização de Ensaios de Proficiência para Biologia Molecular no diagnóstico do vírus Oropouche (OROV), como os oferecidos pela Controllab, são fundamentais para garantir a qualidade e confiabilidade dos resultados laboratoriais:
– Ao identificar possíveis falhas e desvios nos resultados, os Ensaios de Proficiência contribuem para a melhoria contínua das práticas laboratoriais e para a padronização dos métodos de diagnóstico. Isso é crucial para garantir a comparabilidade dos resultados entre diferentes laboratórios e fortalecer a vigilância epidemiológica. Além disso, a qualidade dos dados gerados por meio de testes de proficiência robustos influencia diretamente a tomada de decisões em saúde pública, permitindo a implementação de medidas de controle mais eficazes e a alocação adequada de recursos.
Ainda segundo a OPAS e o IEC, a realização de Ensaios de Proficiência é primordial para assegurar qualidade, confiabilidade, sensibilidade e especificidade dos testes; harmonização e padronização entre laboratórios; capacitação técnica e melhoria contínua.
Em resumo, é fundamental para garantir que os laboratórios tenham capacidade técnica para realizar diagnósticos confiáveis e para apoiar a tomada de decisões no âmbito da saúde pública, especialmente em um cenário de rápida dispersão do vírus e limitação de recursos para o diagnóstico.
Situação epidemiológica
No dia 15 de outubro de 2024, a OPAS divulgou a situação epidemiológica do Oropouche nas Américas: entre as semanas epidemiológicas (SE) 1 e 40 de 2024, foram confirmados 10.275 casos de Oropouche, incluindo dois óbitos. Os casos foram registrados em nove países: Bolívia, Brasil, Canadá, Colômbia, Cuba, Equador, Estados Unidos da América, Guiana e Peru.
Nesse contexto, o Brasil notificou 13 óbitos fetais, três abortos espontâneos e quatro casos de anomalias congênitas. Em setembro, Cuba confirmou um caso de anomalia congênita.
Clicando neste link, é possível conferir o cenário epidemiológico atualizado do vírus Oropouche.
Fortalecimento da vigilância epidemiológica nas Américas
A OPAS disponibiliza periodicamente informações e dados epidemiológicos atualizados. Para orientar os sistemas de saúde dos países, a organização disponibilizou documentos como:
- “Instrumento para diagnóstico e atenção a pacientes com suspeita de arbovirose”;
- “Diretrizes para a detecção e vigilância de arbovírus emergentes no contexto da circulação de outros arbovírus”;
- “Diretrizes para a detecção e vigilância do Oropouche em possíveis casos de infecção vertical, malformação congênita ou morte fetal”; e
- “Orientações provisórias para vigilância entomológica e medidas de prevenção para vetores do vírus Oropouche”.
A OPAS oferece suporte técnico contínuo aos países da região para fortalecer sua capacidade de detecção oportuna e resposta às ameaças representadas por arbovírus endêmicos, emergentes e reemergentes.
Esse suporte inclui colaboração técnica por meio de treinamentos, tanto presenciais quanto remotos, workshops especializados e outras iniciativas. Essas ações têm como objetivo capacitar os países na caracterização de patógenos utilizando técnicas avançadas, como o sequenciamento genético, além de garantir a distribuição de reagentes essenciais. Especificamente para o vírus Oropouche, o diagnóstico molecular já foi implementado em 25 países da região, graças ao apoio da OPAS e de seus Centros Colaboradores, reforçando as capacidades regionais de vigilância e resposta em saúde pública.