Os estabelecimentos de saúde vêm convivendo, regularmente, com os desafios do mundo moderno. Organismos Geneticamente Modificados, clonagem de animais e seres humanos e até ameaças de introdução deliberada de agentes biológicos – o bioterrorismo – apontam para a necessidade constante de investimentos em biossegurança e, mais do que isso, em biosseguridade.
A biossegurança, definida como um conjunto de procedimentos para conter de forma apropriada os agentes biológicos de risco, além de atenuá-los, é um dos componentes do conceito de biosseguridade.
A utilização do conceito de biosseguridade vem crescendo gradativamente no Brasil. No entanto, ainda há fatores de impedimento para sua adoção irrestrita e efetiva, como: custo de elaboração, implantação, auditoria e manutenção de um programa de biosseguridade; necessidade absoluta de disciplina, comprometimento e educação dos envolvidos, dentre outros.
Segundo Silvio Valle, pesquisador titular e coordenador dos cursos de biossegurança da Escola Politécnica de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, questões de biossegurança se caracterizam por procedimentos técnicos para conter riscos biológicos. “Já a biosseguridade é um conjunto de maior grau, que inclui as medidas de biossegurança, mas envolve outros aspectos, como sociais e econômicos”, explica.
Para garantir lucro e alcançar o máximo de produtividade, os laboratórios têm a necessidade imperiosa de adotar programas de biosseguridade. Segundo o pesquisador Silvio Valle, igualmente importante é a adoção de um plano de contingência para o chamado “risco percebido”, tão prejudicial à imagem do estabelecimento de saúde quanto o risco real.
A biossegurança está inserida no contexto da biosseguridade?
Biossegurança consiste em procedimentos técnicos específicos de cada estabelecimento de saúde para evitar o risco biológico. Por exemplo: ao transportar uma bactéria de um estado para outro, o correto é acondicioná-la dentro de uma caixa, que vai dentro de outra, sinalizada adequadamente como material com risco de contaminação. A biosseguridade é um conjunto de procedimentos, normas e leis para garantir a biossegurança, avaliando-se também a imagem do estabelecimento e suas consequências científicas, econômicas, sociais, culturais e morais. Biossegurança lida com o risco real, enquanto a Biosseguridade trata também do risco percebido, não importando se o material biológico oferece risco à saúde, mas sim o que as pessoas percebem como risco.
O senhor poderia nos dar algum exemplo?
Quando falamos em transporte de material biológico, temos que trabalhar com dois tipos de risco: o real e o percebido. Ambos são igualmente prejudiciais à imagem do laboratório no caso de um sinistro. Vou tomar como exemplo um fato ocorrido com a própria Fiocruz em 2003, quando uma de nossas pesquisadoras teve o carro roubado, no Rio de Janeiro, com tubos de ensaio contendo amostras de bactérias não patogênicas, que seriam utilizadas em aulas demonstrativas. Ao fazer o boletim de ocorrência do roubo, a pesquisadora declarou o que tinha no carro, e a notícia se espalhou, rapidamente, no mundo inteiro. Na verdade, o material não oferecia perigo de contágio à população, pois serviria apenas para treinamento, mas as proporções que o caso tomou foram desastrosas. Caracterizou-se, então, um risco percebido.
De que forma a biosseguridade pode influenciar na vida econômica do laboratório?
Os laboratórios sabem que o transporte de material biológico custa caro. Mas se for feito de maneira errada, para economizar, pode sair mais caro, pois as consequências de um incidente envolvendo esse material podem ser drásticas, mesmo que não haja um risco real.
A pesquisadora transportava devidamente o material?
As bactérias estavam acondicionadas em frascos numa caixa de isopor, dentro de uma bolsa especial, no porta-malas do carro da pesquisadora. Seriam levadas para Vitória, no Espírito Santo, onde ela participaria de um congresso. Embora tenham sido tomadas as corretas providências para transporte, o incidente não estava previsto, assim como as consequências da notícia.
O episódio abalou a imagem da Fiocruz?
Passamos por maus momentos, mas conseguimos superar, graças a uma série de estratégias de comunicação. Convivemos com plantões diários de TVs do mundo todo, querendo saber se tinha aparecido a caixa com bactérias. Havia o pânico de que fosse parar nas mãos de crianças da favela ou que algum bandido utilizasse o material para praticar bioterrorismo, mas ele foi recuperado, intacto, dois dias depois. Até então, tínhamos concedido várias entrevistas para tranquilizar a população, transtornada pela percepção que se teve do risco – ainda mais porque o mundo inteiro vivia em estado de alerta para possíveis ataques bioterroristas como os que aconteceram nos Estados Unidos – e também para pedir aos assaltantes que devolvessem a caixa com o material biológico. Felizmente, conseguimos contornar o problema sem abalos para a instituição, que tem seu mérito reconhecido internacionalmente.
E isto ainda pode gerar prejuízos financeiros, não é mesmo?
Sem dúvida! Só para se ter uma ideia, alguns meses atrás houve um caso de febre aftosa no Pará, e a imprensa noticiou como sendo no Paraná, que exporta carne para várias partes do mundo. Por causa da notícia, foi suspensa a exportação de carne do Brasil por uma semana, gerando um dano econômico altíssimo. Países que apresentaram a doença da vaca louca ou a gripe do frango, além dos boicotes nas exportações, viram reduzir, sensivelmente, o número de turistas, amargando grandes prejuízos.
Aquele caso das amostras de vírus enviadas pelo CAP também podem servir de exemplo?
Sim. O CAP* enviou, por engano, amostras de vírus de classe de risco III para laboratórios em vários países, dentre eles, o Brasil. A OMS* determinou que o CAP convocasse todos os laboratórios envolvidos a destruírem as amostras do vírus, temendo que estes não possuíssem estrutura de biossegurança para prevenir acidentes. O CAP não violou as regras de biossegurança nos procedimentos de envio da amostra, mas isso, certamente, causou-lhe muitos transtornos. E como possuía um rígido sistema de rotulagem e identificação das amostras enviadas, foi fácil rastrear os laboratórios receptores e convocá-los a destruir o vírus ou devolvê-lo. Volto a ressaltar a importância de o laboratório investir em biosseguridade, para garantir a segurança do operador, do meio ambiente e das pessoas que estão em contato com a amostra.
É possível se preparar para evitar situações como esta?
Antes de tudo, é preciso cumprir corretamente as normas para transporte de material biológico. Se acontecer um acidente de percurso, com a consequente exposição desse material, o simples cumprimento à lei já ameniza a responsabilidade do laboratório. Hoje, temos normas internacionais bem estabelecidas. No Brasil, quem fiscaliza se o transporte está correto é a ANVISA*, que também utiliza as normas da IATA* para aeroportos, da IMO* nos portos e da UPU* quando se utiliza o sistema postal. O transporte terrestre é controlado pela Polícia Federal (com base na norma da ANTT* – Resolução 420/2004), que é orientada para apreender material biológico transportado fora das especificações técnicas. O Manual de Transporte de Substâncias Infecciosas da OMS também deve ser consultado, assim como o CLSI/NCCLS M40-A – Quality Control of Microbiological Transport Systems. Só o fato de o material sair de um laboratório para outro já pode criar um risco a ser administrado. Mesmo que não exista um risco real, até explicar que o material não causa danos à saúde, pode já ter ocorrido um sério agravo à imagem do laboratório.
*Abreviaturas usadas nesta matéria
ANTT: Agência Nacional de Transporte Terrestre (antt.gov.br)
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (anvisa.gov.br)
CAP: Colégio de Patologistas Americanos (cap.org)
IATA: Associação Internacional de Transporte Aéreo (iata.org)
IMO: Organização Marítima Internacional (imo.org)
OMS: Organização Mundial de Saúde (who.int)
UPU: União Postal Universal (upu.int)
O Programa Educativo de FAN HEp2 é fruto de uma parceria entre a Controllab e a Universidade Católica de Goiás. Com o propósito de promover a troca de experiência entre os profissionais da área de saúde, viabiliza a reciclagem do conhecimento e a padronização segundo o Consenso Brasileiro de FAN.
O programa é online e consiste em casos por imagens organizadas em colaboração com o LAD – Laboratório de Apoio Didático do Departamento de Biomedicina da Universidade, para análise e diagnóstico por parte dos profissionais.
A cada rodada, que é trimestral, são apresentados dois casos para a análise individual de todos os profissionais cadastrados.
Inscreva-se!
Investindo em calibração para obter resultados seguros
Para verificar se a medida obtida por um instrumento corresponde ao esperado, os laboratórios podem contar com um importante aliado: a calibração.
O procedimento pode ser feito no próprio laboratório, utilizando materiais de referência (calibradores) ou por um laboratório especializado, empregando o processo de comparação com padrões (balanças, termômetros, vidrarias, micropipetas, barômetros etc.).
Quando se adquire um equipamento de bioquímica, por exemplo, são necessários calibradores, controles internos e ensaio de proficiência para garantir seu correto funcionamento. Mas, no caso de uma balança ou vidraria, não se percebe a necessidade de calibrar periodicamente, e o fato de ser nova não garante a condição de calibrada.
No caso das vidrarias, a situação é bastante complexa. Diversos fabricantes fornecem certificados de lote, que são distintos de certificados de calibração. O certificado de lote faz parte de um controle de qualidade amostral, onde o erro e a tolerância são estimados estatisticamente; e a calibração é feita pontualmente, em cada instrumento.
Outra diferença está no método de calibração. Laboratórios da RBC (Rede Brasileira de Calibração) adotam métodos de medição e cálculos padronizados junto ao Inmetro, com avaliação da sua competência técnica, tornando seus processos similares e comparáveis. Outros podem adotar processos simplificados ou distintos.
Embora seja usualmente relacionada a custos, a ausência de calibração costuma ser responsável por erros sistemáticos. Contudo, dificilmente são identificadas as fontes de erro se o laboratório não investe nesta atividade.
“Isto fica visível quando analisamos o nível de reprovação de instrumentos no nosso Laboratório de Calibração”, diz Fernanda Dias, Gestora de Calibração da Controllab.
Conforme os critérios de aprovação definidos pelos clientes, cerca de 10% das vidrarias, 50% das alças microbiológicas e 30% das micropipetas são reprovadas. E apenas as micropipetas têm possibilidade de ajuste.
Para mais informações, consulte o Guia Desmistifique a Calibração.
Se preferir, entre em contato conosco: (21) 3891-9917 ou calibracao@controllab.com.br.
Não basta somente ouvir… Quem fala precisa receber a nossa acolhida, em demonstrações que variam de um ‘parabéns’ a quem está vencendo ou um ‘lamento muito’ a quem está sofrendo… A amabilidade de suas feições, mesmo em silêncio, tem uma grande capacidade de ajudar aos que precisam de atenção.
O trecho acima foi extraído de uma das mensagens de auto ajuda que o Dr. Hermes Pardini publica, semanalmente, no site de seu laboratório sediado em Belo Horizonte.
O médico patologista cria mensagens desde 1965, quando as primeiras fizeram sucesso junto aos clientes. E de lá para cá, não parou mais. “As ideias vão aparecendo e sempre as coloco no papel. Os clientes adoram as mensagens e pedem cópias. Chego a enviar cerca de 3.000 mensagens por dia”, conta.
A veia literária foi herdada dos pais, escritores que tinham várias obras publicadas.
Nasci no meio dos livros, e tornei-me um leitor inveterado, o que me serviu de incentivo para começar a escrever.
Os temas vão surgindo com os acontecimentos do dia-a-dia, independente de padrões literários ou religiosos. “Procuro amar ao próximo e jamais prejudicar alguém. Respeito todas as religiões”, diz Pardini, que tanto pode citar profetas como ensinamentos budistas, desde que consiga transmitir paz e alegria aos leitores.
Momentos difíceis ele procura esquecer rapidamente, mas a morte do pai, aos 55 anos, vítima de enfisema pulmonar o fez iniciar uma luta incessante contra o cigarro. É o que se pode comprovar na mensagem “Receita para você viver pouco”.
Mas a felicidade e o amor ocupam espaço muito maior em seus momentos de inspiração. Dentre as suas mensagens favoritas, ele cita: “É muito fácil ser feliz”, “Mandamentos para não envelhecer” e “Sabedoria”.
Acessando o site Hermes Pardini, é possível conferir as dezenas de mensagens desse verdadeiro “apaixonado” pela vida.
Você conhece esse índice?
Em maio deste ano, realizamos pesquisa com nossos clientes para conhecer o percentual de exames esquecidos pelos pacientes. Constatamos uma dificuldade em obter tal informação, dadas as diferentes formas de entrega de laudos adotadas pelos 369 respondentes: impresso retirado no laboratório, impresso entregue em casa, eletrônico (e-mail e/ou site) e telefone/fax.
Excluindo os laboratórios hospitalares e de apoio, que apresentam uma condição especial relacionada à liberação de laudos, obtivemos o gráfico ao lado.
Dentre as inúmeras variáveis que impactam no percentual de exames não retirados, pontuamos as mais importantes:
– 67% dos laboratórios que enviam resultados por e-mail informaram imprimi-lo para retirada no laboratório.
– 52% dos laboratórios não consideram entregues os resultados passados para o médico.
– 50% dos laboratórios que passam resultados por telefone/fax informaram não considerar entregues quando passados desta forma.
– Os resultados liberados na Internet (site do laboratório) necessitam de um controle de consulta para gerar o índice de “retirada”. Contudo, alguns informaram não possuir este índice.
– Os laboratórios de apoio consideram os resultados entregues quando fornecidos ao posto de coleta, sem possibilidade de controle sobre a retirada pelo paciente.
Uma questão a ser ponderada é que se o paciente ou seu médico recebem o resultado por telefone, fax ou e-mail, a probabilidade de o paciente ir ao laboratório retirar o resultado impresso é muito reduzida. Mas isto não significa que o resultado não tenha sido usado para o apoio ao diagnóstico.
A pesquisa nos mostra que os dados obtidos na enquete não são conclusivos para o cálculo proposto. Assim, os laboratórios que pretendem utilizar esse índice em seu sistema da qualidade como medida de controle e melhoria de processo devem, primeiramente, definir um padrão para a obtenção desse dado, segmentando as diferentes formas de entrega.