Uma das regras comerciais mais conhecidas diz que o negócio, para ser perfeito, tem que ser bom para os dois lados. Mas, quando falamos de responsabilidade social, o sucesso maior está em oferecer benefícios e não em valer-se deles.
Segundo a professora de Marketing e Negócios Internacionais do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Heloísa Leite, um programa de responsabilidade social só traz resultados positivos para a sociedade e para a empresa, se for realizado de forma autêntica. «Investir em projetos sociais para auto promoção da empresa não traz os resultados esperados. A responsabilidade social deve estar no DNA da empresa; fazer parte de suas atividades cotidianas», diz.
Heloísa, que exerce desde 1996 o cargo de coordenadora do MBA Executivo em Saúde, explica que empresas socialmente responsáveis investem na qualidade de vida de funcionários e exigem qualidade de seus fornecedores. Para começar, é preciso que haja real interesse em interagir com a sociedade. Mas a profissional recomenda que programas e ações de responsabilidade social sejam conduzidos, nas empresas, por profissionais com competências específicas para sua implantação, seu desenvolvimento e sua sistemática avaliação.
Fazer o bem faz bem
Ações voltadas para a responsabilidade social
Para a professora Heloísa Leite, ética e responsabilidade social andam lado a lado, e o futuro das próximas gerações depende do que fizermos agora.
Como o futuro já começou, a Controllab pesquisou as práticas sociais desenvolvidas por seus clientes. Confira o resultado dos 178 respondentes nos gráficos ao lado e alguns exemplos de projetos sociais no final da página.
Qualifique – Há quanto tempo as empresas investem em ações voltadas para a responsabilidade social?
Prof. Heloísa – O interesse das empresas em responsabilidade social é relativamente novo. No meio acadêmico brasileiro, os estudos sobre o tema datam da década de 80, mas a responsabilidade social ganhou força, no Brasil, a partir dos anos 90, após a realização da Eco-92. Antes, era uma questão de comportamento ético. Em minhas aulas, defendo a «ética sem adjetivos» como base para a responsabilidade social. Não existe empresa meio ética. Ou se é ético ou não. E a responsabilidade social, independentemente de só agora estar em moda, sempre foi inerente ao trabalho da empresa. Uma empresa verdadeiramente orientada para o mercado tem a obrigação de se preocupar com responsabilidade social.
Essas empresas fazem um investimento consciente ou visam apenas o lucro?
Muitas empresas exercem ações sociais porque são obrigadas, já que clientes, em particular, e a sociedade, em geral, passam a exigir essa nova postura. Ultimamente, um segmento da população prioriza compras junto a empresas que têm cuidado com o meio ambiente, que vendem produtos de acordo com as especificações, enfim, que se relacionam com o consumidor de uma forma adulta. Sabemos, por exemplo, que, apesar do preço mais alto, há pessoas que preferem alimentos orgânicos, que são colocados no mercado por alguém que teve a preocupação com a saúde da população, cultivando-os sem agrotóxicos. O mesmo se pode dizer das empresas que fabricam eletroeletrônicos com o selo do PROCEL, que economizam energia, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Prefiro acreditar que algumas empresas são movidas pela necessidade de fazer algo pela promoção do ser humano, seja de forma material, intelectual ou espiritual. Citando André Malraux, «o século XXI será ético e espiritual ou não será». Ou seja, se não fizermos algo que torne o mundo melhor do que antes, não teremos justificado nossa passagem por ele.
Responsabilidade social só pode ser exercida de forma corporativa?
Não, sua prática é bem mais ampla. Conheço pessoas engajadas em projetos de responsabilidade social que trabalham em empresas que nem pensam nessa questão. Nosso Instituto, o COPPEAD, que inclusive possui disciplina sobre responsabilidade social, tem alunos que dão aulas gratuitas de reforço e de computação para crianças carentes de uma escola primária que funciona no prédio onde estamos instalados, na UFRJ. Nossos cursos exigem dedicação integral dos alunos, mas, mesmo assim, eles encontram tempo para dar aulas e organizar atividades sociais com as crianças.
É muito comum as pessoas confundirem responsabilidade social com filantropia. A senhora poderia nos dar exemplos que ajudem a entender essa diferença?
Filantropia é esporádica, eventual, constituída por atitudes isoladas, mais ligadas a ações de caridade. Se uma determinada cidade é inundada, a empresa faz doações, realiza campanha de arrecadação. Responsabilidade social é algo que está no DNA da empresa; faz parte de suas atividades cotidianas. Empresas socialmente responsáveis investem na qualidade de vida de funcionários e exigem qualidade de seus fornecedores. Não contratam fornecedores que explorem o trabalho infantil, agridam o meio ambiente ou soneguem impostos. Respeitam o consumidor e se preocupam, efetivamente, em melhorar a sociedade, em promover seus funcionários enquanto seres humanos. A empresa-cidadã desenvolve projetos sociais que atendam às necessidades, exigências e expectativas da comunidade local.
Quais as ações de responsabilidade social mais praticadas hoje?
No Brasil, são as voltadas para meio ambiente e criança com câncer. Os últimos fenômenos climáticos, o derretimento de gelo no pólo, o próprio movimento da ECO-92 geraram uma maior conscientização para o meio ambiente. Atividades para menores carentes também atraem muito as pessoas, já que essas crianças, se não tiverem atividades que as desviem do crime, podem se tornar traficantes antes mesmo dos 10 anos de idade.
Até que ponto pessoas e empresas devem substituir a responsabilidade governamental?
As competências governamentais estão claramente definidas na Constituição Federal. Mas vivemos numa era em que o mundo assiste à diminuição do poder do estado, e ao aumento das possibilidades das empresas e da sociedade civil. Num país como o nosso, com recursos escassos e um grave quadro de problemas sociais, há um espaço em que cidadãos e empresas podem – e devem – atuar. Isso não significa substituir a responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal, mas, sim, de atuar de forma complementar. As ONG’s são criadas para ajudar nessa questão. Existem campos para empresas, organizações não-lucrativas e cidadãos atuarem, na medida de seus deveres, recursos e possibilidades. Além disso, as empresas devem se interessar por uma sociedade com pessoas livres do analfabetismo e de doenças que resultam, diretamente, da falta de infra estrutura sanitária; pessoas que pertençam a uma sociedade mais justa e igualitária, formada, de fato, por pessoas cidadãs. Afinal, se as empresas também não se preocuparem com isso, para quem irão vender num futuro não muito distante?
Quais as principais dificuldades que as empresas encontram para implementar projetos dessa natureza?
Estudos sobre responsabilidade social apontam para o fato de que ser socialmente responsável dá lucro e aumenta a competitividade da empresa. Não obstante, pesquisa feita em 1999 concluiu que 66% das empresas de grande porte entrevistadas identificam a falta de recursos como a maior dificuldade para investir no social. A meu ver, os principais problemas são: o fato de que tal consciência não permeia, ainda, toda a classe empresarial; o insuficiente número de profissionais qualificados para dirigir programas e projetos nas empresas; a falta de abrangência dos incentivos oferecidos pelos governos federal, estadual e municipal, bem como o acesso fortemente burocratizado aos incentivos fiscais por eles oferecidos.
É preciso fazer uma auto avaliação que indique onde é necessário melhorar as políticas e práticas, estabelecer um cronograma de ações a serem realizadas pela empresa e sensibilizar a área de RH para sua importância no desenvolvimento de uma cultura empresarial fortemente comprometida com responsabilidade social. O chamado «terceiro setor» costuma ter profissionais mais capacitados e experientes para orientar empresas, instituições ou pessoas que desejam investir em responsabilidade social. Existe muita empresa bem intencionada que, por amadorismo, não aproveita bem os recursos destinados a esse tipo de investimento. Da mesma maneira, pessoas, individualmente, muitas vezes contribuem para instituições filantrópicas que, posteriormente, as decepcionam, por não possuírem administrações capacitadas para cumprir seus objetivos. Acho muito enriquecedor conhecer e contatar instituições que tratem de uma forma profunda essas questões de responsabilidade social. Instituições sérias, que possuem reconhecida tradição de vivência e competência nessas questões, como a Ashoka* e o Instituto Ethos*, oferecem esse tipo de treinamento.
Quais os tipos de reconhecimentos mais importantes para indivíduos que praticam essas ações?
Alguns laboratórios que desenvolvem projetos sociais
– Laboratórios Reunidos de Manaus (Manaus/AM)
Fundou em 2005 a Universidade Livre de Manaus e o Centro de Artes e Ofícios, que, em parceria com o CIAM (Centro das Indústrias de Manaus) e outras instituições locais, oferece cursos profissionalizantes a jovens em situação de risco, sempre ministrados por profissionais voluntários.
Ocupando uma área de 1000m2, o local possui ainda: teatro com 300 lugares, cafeteria, restaurante, núcleo de informática e laboratório de beleza (calista, manicure, cabeleireiros etc).
– Laboratório Clementino Fraga (Fortaleza/CE)
Há mais de 20 anos, realiza exames gratuitamente em crianças carentes atendidas pelo IPRED (Instituto de Prevenção à Desnutrição). Além disso, o laboratório opta por não empregar menores de idade, de forma a reservar-lhes o direito à escolaridade.
– Laboratório Central de Análises Clínicas da Santa Casa de Misericórdia (Porto Alegre/RS)
Participa do Projeto CRIAR (Conscientizar, Reeducar, Inovar, Agir e Racionalizar), que promove palestras com o objetivo de incentivar os profissionais a racionalizarem o uso de recursos como água, luz, telefone, elevador, ar condicionado etc.
– Laboratório Klett (Mariana/MG)
Iniciou, neste ano, um programa de reciclagem, com o objetivo de incentivar os funcionários a separar os papéis utilizados no trabalho. Neste primeiro momento, o material reciclado é direcionado a duas instituições especializadas, que o transformam em cartões e porta-retratos. A expectativa é de, em breve, ministrar cursos para que os próprios funcionários aprendam a confeccionar esses objetos.
– Padrão Laboratório Clínico (Goiânia/GO)
Participa de campanhas de saúde promovidas por sociedades médicas especializadas, oferecendo, gratuitamente, exames de hormônios, glicose, lipidograma, colesterol e pressão arterial, dentre outros. Além disso, contribui com doações para o grupo voluntário «Saúde e Alegria», que leva conforto a crianças com câncer, e também participa de campanhas de multivacinação infantil, levando animadores e distribuindo guloseimas.
Faça aqui, em primeira mão, o download do Regulamento Técnico de Funcionamento do Laboratório Clínico – Versão Final, aprovada pela DICOL.
O Qualifique, informativo destinado aos clientes da Controllab, ganhou, no último dia 13 de setembro, o Prêmio Aberje 2005 como o Melhor Boletim Externo do Rio de Janeiro.
Empresas dos mais variados portes e setores da economia participaram do concurso anual, promovido pela ABERJE – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, com o objetivo de reconhecer a excelência da comunicação organizacional e das relações públicas no Brasil por meio de incentivo e difusão das melhores práticas.
Foram avaliados quesitos como criatividade e inovação no planejamento das pautas, qualidade editorial (texto, abordagem, reportagens, redação e edição), divulgação, design e qualidade gráfica.
Agora também online!
A partir de outubro, o seu Qualifique ganha também uma versão online. Todas as edições (antigas e atuais), que antes eram disponibilizadas em arquivo PDF, agora poderão ser acessadas diretamente pelo site Controllab.
O leitor também poderá utilizar o recurso de busca para pesquisar por assunto, matéria ou edição, imprimir arquivo em PDF e cadastrar-se para receber as edições por e-mail.
Se alguém perguntasse, 40 anos atrás, o que o Dr. Jefferson Carvalhaes seria quando crescesse, certamente esperaria ouvir: «Artista». Mas o talento para pinturas e esculturas em massa e origami*, manifestado na infância, foi aperfeiçoado paralelamente à descoberta da vocação para a medicina.
Autodidata, Jefferson sempre criou por instinto e se considera um eterno amador.
Nunca quis me profissionalizar ou vender minhas peças. Tudo o que fiz e faço é para uso próprio ou para presentear amigos e familiares. Eu conquistei a minha esposa, há mais de 20 anos, de tanto oferecer-lhe meus desenhos.
As duas filhas também apreciam e incentivam o hobby do pai. Uma delas, inclusive, faz faculdade de História da Arte, muito provavelmente por ter herdado a sensibilidade artística do pai.
Mas, hoje, a principal inspiração de Carvalhaes é outra: os alunos da Universidade Federal Fluminense, onde leciona Micologia há 25 anos. Para incrementar as aulas, o professor adora esculpir, em massa, vários tipos de fungos. «Os fungos têm formatos variados, com uma morfologia belíssima, cheia de cores. Para o aluno, é interessante ver essas espécies, que são microscópicas, em tamanho maior», comenta. «A partir dessas esculturas, cheguei a criar um filme caseiro, mostrando a reprodução dos fungos. Também já expus meus trabalhos em feiras científicas da Universidade, dando um ar informal ao evento. Com esses artifícios, acho que os alunos captam melhor a matéria, e eu me sinto plenamente realizado», conclui.
*ORIGAMI: arte japonesa de dobrar papel. ori (dobrar) gami (papel).
Veterinária
um controle externo que é o bicho!
Atendendo a uma demanda crescente, a Controllab lançou o Ensaio de Proficiência para Laboratórios Veterinários.
Este programa contempla as matrizes animais de pequeno a grande porte e suas especificidades, contando com 60 ensaios distribuídos em cinco importantes áreas analíticas.
Para desenvolvê-lo, a Controllab utilizou a sua infraestrutura e as três décadas de experiência em ensaios clínicos para dedicar-se, durante um ano, à pesquisa na área de veterinária.
O resultado é um programa único no Brasil, exclusivo para veterinária, que proporcionará maior confiabilidade aos resultados desses laboratórios.
– Bacteriologia
– Bioquímica
– Hematologia
– Parasitologia
– Urinálise
Indicadores Laboratoriais
vale a pena comparar!
Ampliação de serviços para laboratórios clínicos
2005: ano de lançamento do FAN HEp2
A Controllab é o primeiro provedor de ensaio de proficiência da América Latina reconhecido pelo CAP – College of American Pathologists.
Inicialmente, foram avaliados os módulos de Hemoglobina Glicada e Citometria de Fluxo e, com isso, a Controllab passa a ser, em 2006, um provedor alternativo para estes ensaios.
O CAP tem como missão promover a excelência na prática da medicina laboratorial e patológica. Atuante desde 1960, é líder mundial em programas de qualidade.
A equipe Controllab tem a satisfação de compartilhar com seus parceiros e clientes essa conquista, que fortalece os princípios de transparência e melhoria contínua da sua cultura.
A Anvisa, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Coordenação-Geral de Laboratórios em Saúde Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde (CGLAB/SVS/MS), lançou um projeto para prevenir a resistência microbiana aos antibióticos.
Trata-se da Rede de Monitoramento e Controle da Resistência Microbiana em Serviços de Saúde – Rede RM, que engloba, entre outras ações, a elaboração do Manual de Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção em Serviços de Saúde e a tradução dos protocolos de padronização Clinical and Laboratory Standards Institute – CLSI (antigo NCCLS).
O Manual de Microbiologia Clínica descreve todos os processos de microbiologia, desde instalações físicas até procedimentos de controle. Já as normas CLSI descrevem os padrões para teste de suscetibilidade a antimicrobianos.
Ambos estão disponíveis para acesso gratuito no site anvisa.gov.br.